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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A VIDA

"A vida não é senão um instante, mas este instante basta para empreender coisas eternas."

Bersot
OS OFÍCIOS

"Feliz é o homem que escolheu criteriosamente um trabalho e realiza-o até o fim."

John Wanamaker
O VALOR DO TRABALHO

"A fome espreita à porta do homem laborioso, mas não se atreve a entrar."

Benjamin Franklin
A IMORTALIDADE

"O homem é mortal pelos seus temores, imortal pelos seus desejos."

Pitágoras
AS LETRAS

"As pessoas vãs e indolentes mostram desprezar as letras; os simples admiram-nas sem-lhes tocarem; e os sábios usam-nas e honram-nas."

Bacon
A FELICIDADE

"A felicidade do corpo está na saúde. A felicidade do espírito, no saber."

Tales

O alvorecer da escola comunitária


Os colonizadores, desde a instalação dos lotes coloniais, preocupavam-se com a escola, que pudesse ensinar as noções básicas aos rebentos.
“Jacob Lang Filho e Suas Memórias”, numa tradução do alemão gótico por Sara Lang Fredrech, descreve a criação da Escola Comunitária da Boa Vista Fundos/Teutônia (atual Escola Municipal Andrade Neves). Este, como filho de Jacob Lang e Katharina Dockhorn, relata-nos: “No ano de 1875 todos os vizinhos resolveram construir uma escola. Estes também nos pediam para ajudar. Pensamos: ‘se os pais vierem eles terão sua parte’ e ajudamos na construção. No dia 1 de abril se iniciou e em 16 dias de trabalho a escola estava pronta para começar as aulas. O professor era um homem de nome August von Scheren. Este também morava sozinho na sua meia colônia. Antes ele estava no Paraguai e foi, por longos anos, capitão de navio, mostrava-se um intelectual. August porém não criava raízes e deu aulas por um longo período”.
August von Scheren (ou Scheven) comprou a colônia de número 14 B da Picada Catarina com 75.000 mil braças quadradas por 750$000 réis em 25/05/1874 e continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875. Ele, a semelhança de Jacob Dockhorn, certamente foi combatente da Guerra do Paraguai (1865-1870); foi pelos seus vastos conhecimentos e vivências constituído colono-professor. As aulas sucediam-se em língua alemã embora Scheren tivesse algum conhecimento do português. Os conteúdos administrados advinham de livros escolares trazidos da Alemanha.
A localidade, ocupada efetivamente a partir de 1874, mantinha estes moradores: Adolfo Eggers, Jacob Dockhorn, Claus e Heinrich Damann, Nicolaus Nielsen, Johann Engelke, Heinrich Hatje, Wilhelm Jung, Mikael Behs, Johann Bothmann, Heinrich Week, Wilhelm Bornholdt, Jacob Lang, Joaquim Alves Cardozo... O prédio foi edificado numa área de terras dos lotes número 10 ou 11, que pertenciam aos irmãos Damann; tentou-se, conforme as necessidades, dar uma dimensão múltipla à construção. A área, paralela a escola, servia como cemitério, que abrigou algumas sepulturas. O local ficava no entroncamento de estradas, que dirigiam-se a Catarina, Boa Vista e Germana Fundos (Neu Österreich).
A preocupação dos pioneiros germânicos com o ensino lançou os esteios dos grandes índices de alfabetização na colônia Teutônia, que tornou-a num dos espaços mais alfabetizados da América Latina. A picada, mesmo nos confins do então município de Taquari e depois Estrela, cumpriu sua missão histórica de priorizar o estudo dos filhos. Gerações de moradores passaram pelos bancos desta modesta escolinha, que subsistem como herança dos colonizadores.

Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias das Colônias”

A TRADIÇÃO

"Tradição não quer dizer que os vivos estão mortos, mas que os mortos estão vivos."

Chesterton
AS LETRAS

"As pessoas vãs e indolentes mostram desprezar as letras; e os simples admiram-nas sem-lhes tocarem; e os sábios usam-nas e honram-nas."

Bacon



A FORÇA DA TERRA

            O solo, material superficial da crosta terrestre, revela-se um patrimônio colonial. A terra teutoniense, localizadas em clima temperado, ostenta-se em um dos melhores solos do planeta, porque apresenta fertilidade ímpar.
            Os agricultores consideram a terra preta o melhor solo, pois este contém uma mistura de húmus com minerais. As partículas apresentam-se médias e pouco pesadas, que facilita o cultivo. Os russos, para a “terra negra”, dão o nome de Tchernozions, que costumeiramente localizam-se nas regiões de clima temperado e úmido.
            Os solos teutonienses, como na Boa Vista, tiveram sua origem em terrenos sedimentares e vulcânicos. O arenito, basalto e diabásio, acrescido de material orgânico, mesclaram-se e deram causa a diversas tonalidades. Alguns espaços tem maior domínio arenítico, outros da decomposição de materiais orgânicos, alguns de rochas vulcânicos; surgiu daí uma miscelânea de solos arenosos, argilosos e saibrosos. Um terreno propício a uma gama de plantas, que espalham-se como exóticas ou nativas. O fenômeno da formação levou milênios e continua, com a acentuada interferência do homem, na sua sina de constituição. Calor, frio, geadas, inundações e ventos prosseguem danificando as rochas; animais, micróbios, plantas e vermes no processo de decomposição e transformação.
            Os rurais, nas últimas décadas, depararam-se com mudanças, que lhes causa admiração e espanto. Estes, no passado, precisavam esperar alguns dias, à lavração, após as chuvas. Eles, na atualidade, cedo aparecem secos, porque perderam muito da sua capacidade de retenção da água. As plantações, em poucos dias, carecem de umidade.  Fala-se, como exemplo, num princípio semelhante a areia, quando joga-se água e esta, em segundos, some no subsolo. As causas ligariam-se a perda de fertilidade, pastoreio e plantio excessivo, desleixo na adubação orgânica, emprego de agrotóxicos, exigência massiva de produtividade...
            Os colonos, no passado, conheciam a degradação, quando dentro das limitações e possibilidades, deixavam áreas em repouso momentâneo e partiam ao desmatamento de roças nas encostas. O feijão, hortaliças e milho adoravam uma terra nova, que vinha sendo tomado lentamente na floresta. Estes, entre outras medidas, privavam-se do “pastoreio das lavouras”, cultivavam leguminosas, abstinham-se do manejo do solo nos períodos chuvosos...
            As práticas predatórias começam a revelar os resquícios do passado geológico, quando manifestam-se prenúncios da desertificação. As dificuldades do brejo e mato rejuvenescer-se nas antigas roças é outro alerta. A cobertura, com florestamento e reflorestamento, promete novo alento, quando mantém-se preservar esta ímpar dádiva divina.

Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias das Colônias”