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sábado, 29 de setembro de 2012

O segredo da eficiência

       
       Um sobrenome colonial, por décadas e gerações, manteve-se na atividade primária. Uma tradição trazida da velha Europa e continuada nas paragens da América Meridional. Terras, lavouras, casa e segredos agrícolas mantinham-se o maior patrimônio, quando foram paulatinamente acumulados e edificados ao longo da ascendência familiar.
       Moradores, como aparentados, amigos e vizinhos, intrigavam-se com os sucessos anuais desta família. Esta, a cada ano, colhia magníficas safras de milho, quando, “num tiro único e certeiro”, acertavam o período próprio da cultura do cereal. Este, havendo em abundância na propriedade, permitia a criação farta de aves, bovinos e suínos. Estes, em decorrência da fartura alimentar e a dedicação do trabalho, pareciam “desenvolver-se como inço”. O curioso relacionava-se a vizinhos, que ensaiavam a imitação nos períodos próprios do cultivo do grão.
      Conversa vai e conversa vem e num certo dia vazou o segredo deste sucesso, quando o plantio sucedia-se próprio ao período das chuvas. O milho, como originário do México/América Central, adora calor e umidade, quando mantinha-se estas condições com o cultivo na época própria. Um singelo segredo fazia a maior diferença, quando produzia dividendos vultosos. A família respeitava um atento observar sobre o comportamento dos quero-queros (Vanellus chilensis). Estes, em setembro e outubro, faziam seus ninhos nos potreiros e roças. A época dos ninhos, em lugares das baixadas e banhados, significa pouca chuva – plantio precoce. Períodos do ninho nos cumes e lavouras, representa muita precipitação – plantio tardio. As aves, com sua extrema sensibilidade, pressentem as condições meteorológicas, quando, a família, no comportamento, inspirava-se para efetuar os plantios.
     Qualquer empreendedor, de sucesso rotineiro, mantêm singelos segredos. Precisa-se de um norte para efetuar magníficas empleitadas. Os humanos, com a sensibilidade do mundo animal, têm muito ainda a aprender com estes.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://www.ribeiro.tc/2010/06/problemas-ecologicos-no-morumbi.html

O suplício da amoreira


 

     Uma singela semente caiu na beira da autoestrada, quando, em meio ao gramado, nasceu um arbusto. A planta, em função do descaso com a limpeza do lugar, pode desenvolver-se sem maiores empecilhos.
    Um grupo de trabalhadores, um belo dia, efetuou um roçado, quando a parte aérea viu-se ceifada do vegetal. As raízes mantiveram-se fortes para permitir a rebrotação, que criou folhas e galhos. A amoreira (Morus nigra), em poucas semanas, viu-se cortada e rebrotada, quando o fato sucedia-se de forma rotineira. O vegetal, apesar da amarga experiência do frequente corte, jamais desanimava da vida. As raízes ampliaram-se e engrossaram, no que mantiveram o contínuo desejo de sobreviver. As dificuldades almejavam suprimi-la deste mundo, todavia a vontade de permanecer existindo era mais forte.
    A existência de muitos indivíduos assemelha-se aos suplícios da árvore. Estes, em meio às carências e obstáculos, mantêm a alegria e satisfação de viver.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagemhttp://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/artigos/amora-preta-uma-fruta-antioxidante/