Translate

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

As prioridades próprias



     Um certo vizinho, de muito bom coração, foi ajudar o próximo, quando este teve desconhecimento e dificuldades de cultivar sua roça. Foram dias e semanas, na época própria da primavera, de lavração e plantio, no que, com o trabalho (de bois e braçal) não faltou. O milho, mandioca, feijão, hortaliças e pastagens ganharam atenção com razão de garantirem a subsistência familiar.
    O tempo, como de práxis, escorreu rápido! O cochilo, de bom coração, levou ao relapso da sua propriedade, que lhe atrasou o preparo da terra e cultivo. O verão adveio antes do imaginado e a estiagem tomou forma. As culturas viram-se abaladas em cheio, no que pouco colheu de produção. Pensou, com a frustração da safra, contar com a solidariedade do vizinho, que então “fez-se de desentendido”. Entendia-se feliz e realizado com a ampla produção, que, na época própria das atividades, rendeu magníficos frutos. Primeiro o próprio e daí pensar na caridade alheia! O cidadão ajuda e orienta e, na proporção de precisar, encontra-se abandonado e sozinho.
      O idêntico aplica-se nas municipalidades: contribuintes pedem máquinas aqui e acolá, para isso e aquilo. Os prefeitos, para avolumar votos, atendem os aterros, cargas de brita/saibro, consertos das estradas de acesso, canos á canalização... O tempo transcorre e as estradas de chão deterioram-se no contexto nas colônias. Advém o período das chuvas e o caos instala-se nas vias de deslocamento de chão batido (nas estradas gerais). A população reclama como um todo, quando, lá adiante nas urnas uns lembram e outros não, dos favores dispêndios. O ente público primeiro necessita atender bem suas obrigações, no que pensar em auxiliar e atender necessidades dos eleitores.
      O retrato das estradas é o melhor aspecto da eficiência duma administração. Os prefeitos, como chefes, precisam acompanhar e zelar pelo pleno funcionamento das instituições e obrigações públicas, no que visitas de surpresas são meios de conhecer as realidades e melhorar serviços. Priorizar, primeiro o próprio, com extrema eficiência para daí pensar no bem privado e na caridade alheia.

Guido Lang
Livro ‘’ Histórias das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto- brasileira)

O conselho paterno


     Um certo jovem, com futuro a conquistar, foi convidado a participar da eleição municipal. Concorrer, por uma coligação partidária, a vereador da cidade, quando, determinado partido, fazia investimento em jovens lideranças. Poderia, como candidato, assimilar as experiências e "manhas" das acirradas disputas políticas.
    O pai, um modesto agricultor da agricultura familiar, deu-lhe uns conselhos. Estes basicamente consistiram nestes termos: " - Nada de ficar falando mal dos adversários! Procure relacionar-se com todos e comentar projetos municipais. Queremos, como família, distância das brigas e intrigas na vizinhança. Os atuais adversários, lá adiante, podem ser teus aliados e comentários/críticas impróprias criam mágoas. As pessoas perdoam porém não esquecem! Procure não prometer nada que não possas cumprir!’’
   O cidadão, nos diversos comícios e reuniões políticas nas comunidades e vilas, seguiu o receituário. Ficou, por poucos votos, na suplência porém foi "o único com a língua controlada" nos acalorados confrontos partidários. Os pais, de velhos conhecidos, receberam os cumprimentos pela boa educação familiar assim como reforçaram propósitos de dividir votos e "dar uma força ao rapaz". Este, nos próximos pleitos, pensa reforças suas bases e enveredar por novas aprendizagens e lições da arte de administrar/coordenar os destinos comunitários.
  A política, nas pequenas comunidades, tem o inconveniente de geral desavenças/intrigas generalizadas por preferências partidárias. Inúmeros eleitores negam-se a apoiar "os falantes alheios", pois querem conhecer propostas sobre a evolução comunitária. Quaisquer partidos, com desejo de expressão nacional, necessitam investir nas novas lideranças e não deixar unicamente "as velhas raposas" cuidando do cocho da gestão pública.

Guido Lang
Livro ‘’ Histórias das Colônias‘‘
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)