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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Plante para o futuro



Um senhor já idoso amava muito as plantas. Todos os dias acordava bem cedo para cuidar de seu jardim. Fazia isso com tanto carinho e mantinha o jardim tão lindo que não havia quem não admirasse suas plantas e flores.
Certo dia resolveu plantar uma jabuticabeira.
Enquanto fazia o serviço com toda dedicação, aproximou-se dele um jovem que lhe perguntou:
- Que planta é essa que o senhor está cuidando?
- Acabo de plantar uma jabuticabeira! - respondeu.
- E quanto tempo ela demora para dar fruto? - indagou o jovem.
- Ah! Mais ou menos uns 15 anos - respondeu o velho.
- E o senhor espera viver tanto tempo assim? - questionou o rapaz.
- Não meu filho, provavelmente não comerei do seu fruto.
- Então, qual a vantagem de plantar uma árvore se o senhor não comerá de seu fruto.
O velho, olhando serenamente nos olhos do rapaz, respondeu:
- Nenhuma, meu filho, exceto a vantagem de saber que ninguém comeria jabuticaba se todos pensassem como você.
O rapaz, ouvindo aquilo, despediu-se do velho e saiu pensativo. Depois de caminhar um pouco, encontrou à sua frente uma árvore e parou para descansar à sua sombra.
De repente olhou para cima e percebeu que se tratava de uma jabuticabeira carregada de frutos maduros.
Pôde então saborear deliciosas jabuticabas. Enquanto comia, lembrou-se da sua conversa com o velho e refletiu:
"Estou comendo esta jabuticaba porque alguém há 15 anos atrás plantou esta árvore. Talvez essa pessoa não esteja mais viva, mas seus frutos estão".
O importante é plantar e saber que um dia alguém será beneficiado.

Autor Desconhecido

Crédito da imagem: http://www.achetudoeregiao.com.br/arvores/jabuticaba.htm

A biografia de Karl Heinrich Strate


Karl ostenta-se o patriarca da descendência no Brasil. A história pouco se ocupa com os heróis anônimos. Procurou-se, como descendente, escrever sua singela biografia (com vista de eternizar a história e resguardar o orgulho do sobrenome).
O patriarca teve atormentada existência. Ele, conforme certidão de nascimento e casamento, nasceu em 22 de maio de 1859, filho de Maria Elisa Staalkamp e de Karl Heinrich Strate, natural de Atter, círculo de Osnabrück/Hannover/Prússia. A família Stratemann, denominação original do sobrenome, tinha seis irmãos que foram recrutados, durante quatro anos, para servir no exército prussiano. A Prússia precisava de homens em função das guerras de unificação (alemã) de Bismarck (contra Áustria em 1864; Dinamarca em 1866; França em 1870).  Karl negara-se a servir o exército, pois não concordava com as constantes guerras na Europa Central (razão de tamanhas destruições, dificuldades econômicas e mortes). Este, em decorrência, resolvera evadir-se do serviço militar e da Alemanha (para não ser outra vítima do flagelo dos conflitos do imperialismo). Consta, pela tradição oral, ter sido poupado pela família em função de preservar o sobrenome; seus irmãos teriam tombado nos conflitos e ele o único sobrevivente dos filhos. Os relatos fazem referências de suborno na alfândega para conseguir esconder-se num navio (que o levaria à América). Os excedentes populacionais eram um problema na Alemanha. Levas de alemães, através da Holanda e Bélgica (devido à proibição da emigração), safaram-se do solo germânico com vistas de dirigir-se ao Novo Mundo (uma questão de sobrevivência para milhões de teutos).
A escolha do Brasil estivera ligada as notícias dos imigrantes westfalianos. Algumas levas, a partir de 1868, tinham-se estabelecidos na Colônia Teutônia (fundada em 1858). Inúmeros conterrâneos de Osnabrück, inclusive da aldeia de Atter, já moravam nestas paragens. Eles, através de cartas, narravam notícias da fertilidade das terras, das aparentes facilidades de compra de terras e a existência de riqueza vegetal (abundância de caça e madeiras). Os pioneiros, acima de tudo, falaram da liberdade, porque aqui eram “donos do seu próprio nariz e não agregados e semiescravos como na Westfália”. Karl, de aproximadas nove semanas de travessia do Oceano Atlântico, chegou em 1885 ao Brasil. Imigrou, a princípio, de forma clandestina, pois não se encontrou documentação de entrada. Temeu, ao longo da vida, a ideia de ser repatriado e servir no exército. Instalou-se, junto a conhecidos, na Picada Schmidt (atual sede da Westfália/RS).
Ele, em 7 de junho de 1886, casou com Maria Lisete Schröer (1862-1944). Ela era filha de Maria Chistina Kohnhorst e Germano Henrique Schröer (falecidos na Westfália/Prússia), natural de Ladbergen na Westfália/Prússia e imigrou, com os parentes Schröer, por volta de 1873. O casal teve os filhos: Frederico (1886-1964), Guilhermina (1888-1878), Henrique (1891-1980), Carlos (1893-1971), Guilherme (1896-1964), Reinoldo (1898-1933) e Francisco (1903-1971). A família tentava adquirir um lote colonial na Picada Schmidt (referência ao primeiro morador Christiano Schmidt). A Colônia Teutônia, entre 1865 a 1890, estivera em pleno florescimento e a colonização westfaliana definitivamente implantada tinha conseguido alcançar os primeiros frutos. O preço dos prazos já tinham valorizado e o tamanho diminuído. O constante afluxo de novos imigrantes inflacionou os preços dos lotes.
A família Strate batalhava às estabilidade econômicas, no que o imprevisto abateu-se. Karl envolveu-se numa querela de negócios (com outra família). Acabou assassinado em função duma transação de cavalos e, na surdina, colocado ferido na cama (familiar). Recebera uma cadeirada na cabeça e pereceu desse flagelo. Consta, conforme o Livro de Falecimentos (1887-1978) da Comunidade Zion de Teutônia – página 42, número 340, “Karl Heinrich Strate, enterro no dia 07/12/1905 – Picada Frank, nasceu em 22/05/1859. Colono, origem Osnabrück, falecido em 06/12/1905”. O pastor ignorou/omitiu a causa da morte (assassinato) nos registros. Foi enterrado, num canto, no Cemitério Evangélico da Picada Frank (Cemitério Velho/desativado - aterrado para ser estrada comunitária). Ele não recebeu lápide (em função da extrema pobreza familiar). A história abafada no meio comunitário, porém resguardada na tradição oral (narrada na “surdina” de ouvido em ouvido nas conversas informais). A família ficou marcada e passou por extrema miséria. Os Strate foram obrigados a renunciar ao lote colonial (não puderam pagar a companhia colonizadora). Ela tratou de migrar à Picada Boa Vista/Colônia Teutônia. Conseguiram outra propriedade, através de parentes, para reiniciar sua odisseia. Os filhos cresceram, constituíram grandes famílias e o sangue dos Strate, na atualidade, encontram-se disseminado por diversas clãs. Alguns encontram-se espalhados por inúmeras plagas da América Meridional.
Karl, portanto, era um dos pioneiros, que não chegaram a colher os louros da colonização. Encontrou-se a conquistar a terra prometida, no que o imprevisto abateu-se como desgraça. Os descendentes, porém escreveram excepcional epopeia nos inúmeros empreendimentos (com razão de alcançar a dignidade e qualidade de vida). O sobrenome Strate, na atualidade, mostra-se uma referência entre os gloriosos nomes da descendência westfaliana (em terras americanas). Diversas entidades ostentam-no em suas diretorias e membros. Propriedades minifundiárias de subsistência familiar inscrevem-no pelo capricho, organização e trabalho. Profissionais liberais colocam-no em consultórios e gabinetes. Karl soube semear suas sementes do porvir com sua vasta descendência.

(Fonte: Guido Lang, O Informativo de Teutônia, nº 23, dia 29/11/1989, pág. 02, texto reescrito).

Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teut%C3%B4nia