Translate

domingo, 30 de junho de 2013

A incômoda interrogação



Algumas municipalidades, na época dos distritos, mantinham equipes de trabalho nas subprefeituras. Os munícipes, em função da enorme extensão territorial, careciam de serviços de qualidade e quantidade.
A secretaria de obras, nos interiores, não poderia atender as muitas e variadas emergências nas chuvaradas de inverno. A solução consistiu em improvisar melhorias e reparos com eventuais equipes de trabalho.
O subprefeito, como porta-voz direto do prefeito, controlava e fiscalizava os quadros. As linhas, em esporádicos momentos, ganhavam aberturas de desvios de água, colocações de saibro, mutirões tapa buracos, operações de roçados...
O resultado, em síntese com a coisa pública, consistia: “- Pouca produção para o número de funcionários” ou “um otário labutando e quatro espertalhões, em meio à animada conversação, apreciando o empenho individual na tarefa”.
Determinado subprefeito, diante da aparente inércia, resolveu fazer uma singela pergunta ao “grupo de insatisfeitos”. Eles, em função dos baixos ganhos, mantinham-se morosos e queixosos nas penosas e suadas tarefas braçais.
A interrogação, em forma de repreensão, consistiu: “Qual a diferença entre o capataz e o preá?” O bichinho, abundante e ágil, revelava-se morador das cercas de pedra e moitas de beira de estrada de chão batido.
O grupo comentou e pensou! Nenhuma resposta a contento! Algum aparente esperto teve a ousadia de afirmar da inexistência de qualquer relação. “O chefe encontra-se doido ou louco” foi o comentário generalizado.
A autoridade, na indefinição, concluiu: “- O preá sai correndo da estrada na proporção da achegada do chefe. O funcionário público, na proporção da chegada do responsável, pula da assombrada beirada via adentro (na aparência de estar e ter trabalhado)”.
O pessoal, diante do incômodo, careceu maiores conversações e gargalhadas. Os subalternos, no pleito vindouro, mostraram-se ferrenhos adversários e opositores!
Uns podem aparentar não saber, porém os fatos denunciam as práticas. A produção massiva consiste em trabalhar de forma contínua e hábil. Certas perguntas ousadas evitam a indisposição das respostas comprometedoras!
                                                                                
  Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://impedimento.org

A paterna sobra


Um senhor, numa vida inteira, labutou para constituir família. Este pode ter esposa e filho. Os bens foram avolumados de forma morosa e suada!
Os anos transcorreram rápidos! A velhice achegou-se antes do imaginado! A esposa antecedeu a morte! O rebento constituiu família!
O cidadão, como pessoa idosa, viu-se isolado e sozinho neste grande e velho mundo! As parcerias novas, apesar das várias tentativas, não criaram raízes nos relacionamentos!
O filho, com a idade própria, arrumou sua “cara metade” (companhia feminina). Ela, na casa do sogro, adonou-se do espaço. Os reais donos pareciam marinetes!
A convivência, em poucos meses, revelou uma dura situação. O rebento tomou o partido da companheira. Esta, na alheia casa, fazia “sobrar o dono original”.
O senhor, agora ancião, via-se rejeitado na sua própria residência. Este sentia-se inconveniente e mal. A nora, numa tremenda indiferença, negava-se a conversar e travar relações.
O filho, diante da instigação e tomada de lado, vivia a reclamar e repreender. Dias difíceis e lamentáveis ocorriam depois duma laboriosa e pacata existência. As lamúrias e relatos, diante do adverso quadro, sucediam-se junto aos amigos e parceiros!
A desconsideração e descuido, com os genitores, revelam-se um problema social! Os filhos, em função dos compromissos e concorrências, carecem de interesse e vontade à convivência familiar original.
Muitos, na juventude, esquecem da situação de algum dia igualmente ficarem velhos. Certos tratamentos impróprios, em momentos e situações, tornam-se “pesos na consciência” durante a trajetória terrena. O mau exemplo familiar serve de cobrança e protótipo à descendência!
                                                                                                                                             
 Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://rodopiou.com.br/?m=201208

sábado, 29 de junho de 2013

A modesta anciã


A senhora, na calada da manhã, toma a esquina duma movimentada rua. Ela, nos sessenta anos e tanto, procura reforçar o orçamento com alguma esmola.
O sereno e umidade, nos ares do inverno, levam-a a cobrir com alguma manta a cabeça. Esta, na proporção da sinaleira aberta, assenta-se numa pedra (como improvisada cadeira).
Um pedestre, com idade de ser seu filho, passa no logradouro público. Ele, num momento, assusta-se com a ímpar presença. A pobreza choque-lhe o coração!
O cidadão, numa rápida auto-reflexão, interroga-se: “- Quê será que sucedeu com a fulana? Quais os infortúnios da precária condição econômico-financeira? Será que carece de receber algum benefício? Os filhos e netos onde andam?”
O camarada, com alguma sacola de frutas, oferece umas cortesias. As bergamotas, laranjas e limas, levadas como merenda particular, podem ser escolhidas a bel prazer!
Ela, num assombro com a espontaneidade, parece não acreditar na bondade e gentileza! A fulana, num rápido olhar, encara o doador! Um leve sorriso salta-lhes nos lábios!
A fala, num instante, estendeu-se: “- Moço! Deus lhe pague o favor!” Este, como anônimo e singelo anjo, alegrou-lhe o espírito! O pouco fez diferença no âmbito geral!
O dinheiro nem sempre mostra-se a melhor escolha como doação! Os donativos, do estômago, revelam a real necessidade ou não da caridade!
Faça o bem sem olhar a ninguém! “O indivíduo precisa ser muito especial com quem poderia ser sua mãe ou pai!” O amanhã, nos seus infortúnios e sortes, só Deus abençoa e sabe!
                                                                            
 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: 
http://novooqeisso.blogspot.com.br

A melhor idade


Uma cidadã, numa vida inteira, encontrava-se submissa a terceiros. Ela, na aposentadoria, pode mudar os desígnios e objetivos!
Esta, na infância, manteve-se submissa ao mando dos pais. As proibições eram muitas! O casamento achegou-se! O marido davam as rédeas. O controle íntimo conhecera “a marcação cerrada!”
Os filhos, num toque, advieram na família. Estes aumentaram as necessidades e obrigações. O trabalho, como complemento de renda familiar, tornou-se uma realidade.
As dedicações, horários e tarefas viram-se contínuos cobranças na casa e empresa! O tempo, como descanso ou folga, vieram sempre contados nos minutos! Cobranças de todos os lados e modos advinham das chefias!
A fulana, depois de muito contribuir e descontar, conheceu finalmente o almejado benefício. A viuvez, aos sessenta anos, tinha-se igualmente sucedido!
A liberdade, com ausência do parceiro e  maioridade dos filhos, pode “tomar as asas da existência”. Esta, dono do próprio nariz, pode organizar finalmente seus louros dias!
A organização, na melhor ou terceira idade, relacionou-se a degustar boas comidas, estender as horas de sono, passear a quaisquer horários, viajar noutras paragens... Ela pode planejar e ser independente!
A fulana, em semanas e meses, ganhou fisionomia revitalizada e sadia. Anos somaram-se ao conjunto das expectativas de vida! Os sorrisos retornaram aos lábios!
A independência econômico-financeira mostra-se razão de felicidade. Umas realidades, para uns, mostram-se bastante fáceis; para outros, no entanto, ostentam-se deveres difíceis. O indivíduo, com folgas e tempo, adquire maiores ânimos e desejos de vida.
                                                                    
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.tremdavale.org

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A passagem do lixeiro



O migrante, das áreas de plantação de soja e trigo, sai na direção do vale dos rios. Uma mudança completa no estilo de vida verifica-se!
Os locais de colonização original, com uma grande produção coureiro-calçadista, necessitaram de mão de obra barata e massiva. O cidadão, do trabalho braçal rural, ocupou-se numa linha de produção.
Ele, numa cidadezinha típica (de forte influência germânica), instalou-se numa principiante periferia urbana. Um conhecido falou-lhe da abundância de emprego e trabalho! 
Uma dificuldade tremenda consistiu em achar alguma casinha de aluguel. A solução, com outros forasteiros, consistiu em alugar e dividir peças numa improvisada pensão.
O trabalhador, nas primeiras semanas e meses, penou para adaptar-se a dura e diversa realidade. Ele, numa dessas, procurou inteirar-se dos dias da passagem do caminhão de lixo.
O assalariado, numa casualidade, interroga um nativo e singelo ancião. Este, com forte sotaque europeu, possui dificuldades de compreender o indagado.
A pergunta, em síntese, consistiu: “- Oh senhor! Passa algum lixeiro por estas bandas?” O ouvinte, conforme o sotaque do dialeto do Hunsrück, entende outra versão!
Este, na sua franqueza e modéstia colonial, responde: “- Ligeiro não! A polícia apreende!” Criara-se outra pérola do choque de culturas (entre o migrante e nativo; latino e a germânico).
Os elementos teuto-brasileiros, educados na língua materna do dialeto local, sofreram em assimilar e racionalizar em português. As histórias e gozações são inúmeras neste sentido!
Ostenta-se sábio falar e entender duas línguas do que um único e exclusivo idioma! O fato permite um comparativo entre os modos de agir e pensar entre as culturas!
As cidadezinhas, de origem europeia, primam costumeiramente pela acentuada falta de mão de obra. Os migrantes, na proporção da achegada, trouxeram acentuadas mudanças nos hábitos e costumes regionais. O ciclo do calçado, com o dinheiro em dólares, redimensionou o espaços das antigas colônias.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://nossojornalsc.blogspot.com.br

O resultado como propósito maior



Pai e filho, numas oportunidades, foram apreciar as corridas de cavalo. Estas, de 1910 a 1960, ostentavam-se comuns na área da antiga Colônia Particular Teutônia.
Coloniais, no interior de alguns potreiros, improvisaram hipódromos. Os moradores, nos eventos pré-determinados numas domingueiras datas, afluíam em massivos números.
Vultuosas apostas, às condições monetárias dos produtores rurais, sucediam-se no ínterim das competições. As torcidas, na “proporção de doer no bolso”, viam-se acirradas e gritadas!
O filho, vendo os esforços das corridas, torcia por determinados animais. Ele, no geral, mantinha a preferência pelos mais adiantados nas largadas!
Estes, como decepção, nem sempre venciam. Alguns, como retardatários, surpreendiam no resultado. Os donos de animais, como estratégia de competição, definiam nos metros finais as corridas!
O genitor, com o exemplo da competição, explicou uma lição existencial. A carreira profissional assemelha-se a algum turfe. O cidadão pode correr atrás e não necessariamente sempre na dianteira!
O importante, no final da história, relacionava-se a chegada. O cidadão precisa vencer no resultado. O início e meio, como primeiro na posição, pouca diferença faz no âmbito da acirrada competição.
A esperteza e paciência, no andar da carruagem, mostram-se essenciais para alcançar os louros da vitória! Os resultados, no final das contas, definem os propósitos maiores!
As impressões iniciais nem sempre demonstram a realidade dos fatos. Um singelo exemplo abrevia um conjunto de explicações. Os louros, em meio ao exercício da paciência, advêm costumeiramente com a eficiência e persistência!
                                                                             
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://fundacaoruraldecampos.com.br

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O espetáculo da inércia



Um indivíduo, no centro duma grande cidade, conduzia seu singelo veículo tendo por companhia a sua esposa. O movimento era intenso para todos os lados. As pessoas pareciam não querer perder a menor fração de tempo.
O carro, para lá de rodado, ostentou uma imprevista pane. Este, em meio às centenas de pessoas e veículos, ficou obstruindo uma rua principal. A confusão, em instantes, tomou conta do espaço!
O curioso, diante duma movimentada parada de ônibus - repleta de gente, constituiu-se no comportamento humano. Outros, como motoristas, pedestre e vendedores, viram-se indiferentes ao flagelo alheio.
O condutor, diante do espetáculo da inércia, precisou improvisar e resolver. Ninguém, como viva alma, procurou estender uma mão amiga. Alguma empurradinha, como ajuda, manteve-se impossível (com razão de liberar a via).
Os condutores, as dezenas, trataram de contornar o obstáculo. A impossibilidade de estacionar mostrou-se inviável. A multidão assistiu atenta o esdrúxulo espetáculo!
Uma singela pane, na hora do “rush” (corrida), causou toda uma indiferença e tumulto. As pessoas, em função da humildade e pobreza, ficaram temerosas de estender a mão.
O motorista, num momento desses, sabe unicamente dos incômodos e perigos. A tristeza consistiu em estar cercado de semelhantes e estar literalmente só.
O veículo, com alguma deficiência mecânica ou problemas de documentação, não pode arriscar-se em circular pelas rodovias. Os humanos, em meio aos temores da insegurança, aparentam perder a espontaneidade e solidariedade. Os imprevistos medem o tamanho da criatividade e paciência!

                                                                   Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://jacksonrangelvieira.com

O cochilo na esperteza



Um morador, em função de encomendas de carnes, abatia seus jovens galos. As galinhas, com a inexperiência dos frangotes, sentiam-se carentes e desprotegidas!
Os machos, de alguma distância das vizinhanças, afluíam como chefes. Estes, em escasso tempo, cantaram glórias das companhias e conquistas!
Os haréns viam-se constituídos num “vap e vup”! A ousadia de alguns, em meio a estranhas terras, foi de afugentar os fracos e novos. A petulância levou a represálias!
Um galanteador, como esbelto e fortão, resolveu inovar. Ele, não podendo levar as galinhas, procurou fincar as raízes no espaço. Ele, no cochilo da esperteza, acabou invadindo o alheio galinheiro.
O criador, como incômodo visitante, aplicou-lhe as graças de ceifar a cabeça. Aquela história, de estranhos quererem mandar nos alheios pátios, funciona mal nas colônias!
Quaisquer proprietários, na concessão das suas instalações e terras, carecem de maiores chefias. Estes, como filosofia básica, dão as coordenadas no patrimônio.
Os próprios das espécies, das variadas criações domésticas, espantam e reparam os eventuais intrusos! A discrição, com a eficiência no negócio, representa o segredo da sobrevivência!
Os machos cedem cedo aos caprichos e mimos íntimos. Certas escolhas não passam de belas armadilhas e dispêndios. Quaisquer cuidados, diante da astúcia humana por dinheiro, revelam-se ineficazes e perigosos!

                                                                                     Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.agricolaepecuaria.com.br

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O ocasional equívoco



Um colega, em função da brincadeira, “pisou na bola”. Este, junto ao estranho, exagerou numa pergunta! O constrangimento fez-se sentir na visita ocasional!
O ambiente e o contexto, no lugar de trabalho, mostravam-se impróprios à afirmação. Os colegas, diante do exagero, cobraram correção e desculpas.
Estas, como manda as normas da boa convivência, foram dadas e reconhecidas! A promessa, duma próxima, deixar de ocorrer! Ameaças, de repassar a informação a chefia, foram feitas de viva voz!
O curioso, com relação ao gênero humano, foi o repasse dos sucedidos. Outros colegas, mal colocaram o pé no setor do expediente, ficaram sabendo do sucedido.
Algum colega, no prazer de contar alguma novidade, encarregou-se de narrar o ocorrido aos parceiros. Um excepcional fofoqueiro deu vazão a sua vocação!
A alegria e satisfação, com o equívoco alheio, manifestou-se estampada e tamanha. Uma escamoteada felicidade de ver o outrém em maus lençóis!
Uns aparentam amizade e companheirismo, porém comportam-se como adversários e inimigos! Os grandes amigos e parceiros conhece-se unicamente nas adversidades! Certos jeitos e gestos dispensam maiores comentários e palavras!
O indivíduo, conhecendo “o espírito de porco” de alguns, adquire o nojo e a repugnância! A grandeza de espírito, como a pequenês, revela-se nas entrelinhas das situações e vivências. A consideração e respeito, uma vez perdidos, torna-se difícil reaver!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.soudapromessa.com.br

A forçada risada


Certo indivíduo, como microempresário, mantinha-se inovado e ousado. As milagrosas mãos pareciam-lhe multiplicar o conhecimento e patrimônio!
Os negócios, com economia e investimento, fluíam na direção duma sólida empresa. Alguma dezena de funcionários, em curto espaço de tempo, foram contratados e treinados!
O fulano, nos momentos alheios as jornadas, possuía uma ímpar mania. O hábito relacionava-se ao gosto e satisfação de contar estórias e piadas.
As conversações, de modo geral, careciam daquele charme. Estas, em forma de floreios e recheios, vêem-se transformadas numas agradáveis e interessantes proezas.
O cidadão, a cada sina, aparecia com aquela ladainha (nalguma rodinha de empregados). Uns, na surdina, tomaram-se a incumbência de “desviar-se ou esquivar-se das narrações e relatos”.
Alguns funcionários, com razão de fazer alguma média (como subalternos), davam-se a tarefa de ouvir e rir. O resultado ostentava-se aquela forçada gargalhada e risada!
Eles, em função da manutenção e necessidade do emprego, prestavam-se a incômoda situação! Uns, em função do dinheiro, submetem-se aos absurdos e ridículos!
As muitas histórias e piadas, sem maior graça e nexo, “mantinham-se naquele parto!” Inúmeros prestam-se a determinadas gostos, porém carecem de maiores vocações.
O cidadão não tem como ser um craque em todos os afazeres e deveres. Os interesses e necessidades obrigam o enquadramento em certos contextos e situações. Alguma agradável e boa gargalhada, a cada dia, rejuvenesce e revigora a alma!
                                                                                                   
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://blog.maisestudo.com.br

terça-feira, 25 de junho de 2013

Os dois de trinta


Um camarada, por décadas, foi o tradicional motorista de ônibus. Os moradores, das linhas e núcleos coloniais do singelo lugarejo, conheciam-no como companheiro e parceiro!
O condutor, com a emancipação política-administrativa do distrito, recebeu convite para candidatar-se a vereador. Ele, por uma popular agremiação partidária, acabou sendo o cara mais votado e presidente da câmara.
A votação recorde, na próxima legislatura, levou-o a candidato a prefeito. Outra admirável e retumbante vitória.
O fulano, no sabor das urnas, tornara-se o representante máximo do principiante município! A fama e as viagens aumentaram muito no exercício do mandato!
A prefeitura foi assumida numa excepcional cerimônia. As carências e dificuldades cedo advieram com a escassa outrora formação escolar. Os anos de escola viram-se parcos!
Os estudos complementares, com família e horários esticados, revelaram-se uma impossibilidade. Este, em síntese dos conteúdos teóricos, sabia mal redigir o essencial!
A redação de algum documento oficial revelou-se uma completa inviabilidade! A solução consistiu em saber assessorar-se (de forma confiável e esperta).
O agora prefeito, numa ocasião ímpar, necessitou preencher um cheque de extrema urgência. O valor correspondia a sessenta mil. A dificuldade residia na questão da grafia!
Ele, na impossibilidade de poder perguntar por auxílio, precisou encontrar algum atalho. A solução, como esperteza matemática, consistiu em fazer dois de trinta.
Os adversários denegriram e riram-se da esdrúxula resolução. Este, com astúcia e sabedoria, soube safar-se da inconveniente dificuldade e situação!
O camarada pode ser burro, porém precisa saber ajudar-se! As experiências e sofrimentos, no cotidiano das situações, preenchem costumeiramente as deficiências escolares. Os pacatos cidadãos geralmente ostentam-se os mais carismáticos e conhecidos!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.creditoecobranca.com

A deficiência sexual


Um curtido e vivido boi, domesticado nos anos (debaixo da canga no trabalho rural), mantinha-se como maioral no potreiro. Ostentava-se o chefe incontestável no espaço!
Este, com avançada idade, ainda dava as coordenadas (através da força e tamanho). A concorrência (os boizinhos) conhecia seu mando (por meio das fortes e pontudas chifradas).
A conhecida vaca Mimosa, numa altura, entrou no cio. Algum macho precisava “satisfazer os instintos da carne” (tarefa da fertilização). Este, como maioral mandante, candidatou-se à tarefa. O trabalho, em função da idade e peso, ficou na deficiência e negação!
O velho Brasino, a todo instante, afugentava e atrapalhava os ousados jovens. Ele, diante de esporádicas incursões, não atendia a necessidade (dever de casa). O comportamento atrapalhou todo processo de reprodução!
O criador, numa altura, precisou intervier para reverter o quadro adverso! Estes, em meio às bagunças, brigas e folias no campo, não podia arcar com prejuízos e revertérios intermináveis. A função, a seu contragosto, viu-se delegada a outrém!
O idêntico, de alguma forma, aplica-se a uns e outros. Estes mais atrapalham do que ajudam nos auxílios e tarefas. Os dispostos vêem-se afugentados e atrapalhados das necessidades (em função de temores). Quem, como princípio, não quer ajudar, que não atrapalhe no expediente!
A cabeça, depois de certos anos, almeja atender as obrigações, porém o corpo fraqueja nas tarefas. A idade, na proporção do tempo, produz suas diárias dores e mazelas! Os instintos reprodutivos, aos amantes e ativos, encontram-se acirrados em quaisquer momentos e ocasiões!

                                                                                                 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem:http://aprendendoe.blogspot.com.br

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O prejuízo dos excessos


As árvores, da variedade bergamoteira poncã, receberam uma atenção e cuidado excepcional do plantador. Elas deveriam fazer uma diferença no cenário colonial!
A dedicação, entre outras, relacionaram-se a exposição ao sol, reforço em estercos, solo argiloso, umidade específica... Condições próprias da espécie ao desenvolvimento!
Elas, com razão de recompensar o doador/plantador, encheram-se de folhas e flores. O visual diverso cedo enobreceu o pátio e pomar!
Os insetos, como abelhas, encarregaram-se de fazer uma massiva polinização. As frutinhas, em poucas semanas, formaram-se em incontáveis números.
As plantas, num singular descuido, começaram a sofrer com o crescimento das tenras frutas. Estas, a cada dia, cresciam e somavam peso!
A estrutura dos galhos e troncos, em pouco tempo, careciam de comportar tamanho peso e quantidades. A estrutura, durantes uns meses, suportou os encargos!
O número e tamanho, com o massivo crescimento, trouxe o inimaginável. A impossibilidade de comportar o peso.  O produtor reforçou os troncos com escorras!
Alguns galhos simplesmente dobraram-se e acabaram danificados. O ressecamento tornou-se uma realidade. Os troncos desprenderam-se dos enxertos!
As árvores viram-se completamente quebradas! O jeito foi replantar mudas! Alguns anos para colher novas safras! Os exageros causaram estragos e revelaram-se a morte!
O idêntico aplica-se a certos indivíduos: agradam de exagerada maneira e acabam no prejuízo. O excesso de favores e mimos cedo acaba definido como encargo e obrigação. Faça o bem dentro dos limites e possibilidades!
                                                                                              
Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.nutricaoemfoco.com.br

As precárias estruturas


Dia de pagamento e véspera de feriadão! As pessoas ostentam-se adoidadas e atarefadas. Elas querem satisfazer as necessidades caseiras e familiares!
Os estacionamento e ruas, próximos as lojas e mercados, encontram-se abarrotados de gente e veículos. As infindáveis filas, no horário de pique (meio dia), estendem-se diante dos caixas. O consumo exagerado visto como sinônimo de felicidade e realização!
As prateleiras, na ganância de consumo, vêem-se esvaziadas! A paciência, de muitos, encontra-se no limite dos nervos.  Os clientes, com muita agitação e pressa (para chegar em casa), querem ser atendidos de forma instantânea.
Milhões de reais, em segundos e horas, trocam de donos e mãos. A engrenagem econômico-financeira funciona a contento no modelo capitalista. Alguns ousados, em meio à fila, comentam e queixam-se diante do caótico quadro da espera.
A realidade tem sido essa na proporção dos consumidores pensarem de idêntica maneira.  Estes, como num aparente pré-combinado, procuram certos horários das compras. As estruturas, diante da multidão, não dão conta do recado (de atender a todos).
Valioso tempo acaba desperdiçado nas filas de espera. Combustíveis desperdiçados nos intermináveis engarrafamentos! Estresses acentuados na convivência. Consumismo enfatizado como princípio de vidas... Os seres humanos precisam agir e pensar de forma variada!
A riqueza humana consiste na diversidade! O ser humano é um típico “Maria vai com as outras”. As multidões, diante de imprevistos e raivas, inspiram respeito e temor.

                                                                            Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano das Vivências” 

Crédito da imagem:http://autobrasil.wordpress.com

domingo, 23 de junho de 2013

O afortunado negócio


Um cidadão, como microempresário, mantinha um negócio deveras rendoso. Este, a muitos, dava cobiça e inveja!
O ousado, na fabriqueta de fundo de quintal, conseguia agregar lucro à produção. Uma larga margem, diante das realidades de mercado, situava-se entre trinta a quarenta por cento.
O dinheiro, para os observadores ocasionais, “entrava que nem água!” Compradores, diante da falta de concorrência, obrigavam-se a adquirir e requisitar artigos e serviços.
O cidadão, com acentuado espírito festeiro, desperdiçava os fáceis e muitos recursos. Os dividendos, nas necessidades de maquinário e prédios, investia deveras mal.
Os reinvestimentos, no âmbito geral, eram parcos comparados aos ganhos. Os desnecessários, como supérfluos, carecia de descartar e eliminar!
A crise, num tempo, vislumbrou-se no horizonte! A substituição de dono e mando revelou-se imprescindível. Mudanças drásticas unicamente para salvar a atividade produtiva.
Um período de ouro havia sido desperdiçado e perdido. O jeito ostentava-se correr atrás do prejuízo! Os choros e lamúrias revelaram-se em abundância e frequência!
O idêntico aplica-se a governos: muita cobrança fiscal e pouco retorno em investimentos produtivos. Mudanças drásticas unicamente com vistas de reverter o quadro de adversidades e desperdícios!
A incompetência e ineficiência saltam aos olhos dos extorquidos contribuintes! O eleitor, no sabor das urnas, confirmará ou rejeitará os cantados índices de popularidade. As mudanças, de tempos em tempos, mostram-se bem aceitas e vindas!
O país, diante da estrutura legislativa existente, tem somente a possibilidade de postergar a crise e falência. Os gestores públicos, de modo geral, administram para o auto-enriquecimento do que ao enobrecimento do ente público. A carência de estadistas, nas democracias ocidentais, ostenta-se uma triste sina administrativa e política.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.oaltotaquari.com.br

O segredo íntimo


Uma cadela, como manda os desígnios íntimos, precisou atender aos pedidos da sobrevivência. A idade própria encaminhou-a ao cumprimento do instinto da perpetuação.
Esta, conforme o desejo do dono, deveria estar predestinada para determinado macho. O criador, com uma obsessão ímpar, queria frutos dessa cruza.
Este, para precaver-se da incursão dos aventureiros, enjaulou a fêmea e o macho. O propósito ostentava-se no relacionamento íntimo das partes.
Os animais, por uns bons dias, mantiveram-se enjaulados e presos. “O fim de festa” unicamente para ganhar a liberdade. O proprietário, para surpresa particular, deparou-se com a doce ilusão!
A fêmea, na primeira oportunidade, acorreu aos préstimos dum terceiro. Ele, no conjunto da cachorrada, mantinha-se outro viril qualquer.
O curioso relacionou-se a escolha: ela, por algum desígnio do instinto, optou por este determinado companheiro. A cadela queria distância das escolhas humanas!
Os bichos igualmente possuem sua lógica existencial! Os humanos interferem e mudam instintos milenares com suas experiências e interesses!
O conhecimento, nos bastidores da sobrevivência, versa das fêmeas escolherem suas parcerias. Os vários pretendentes, na prática cotidiana, seriam meras possibilidades de escolha. Os mistérios da natureza ultrapassam a compreensão e explicações humanas!
                                                                                    
 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://umjeitomisticodeser.blogspot.com.br

sábado, 22 de junho de 2013

A ocasional companhia


O cidadão, na aparência de perdido no grande centro urbano, encontra-se a almoçar. A necessidade de revigorar as energias revelou-se inadiável!
Este, como forasteiro e viajante, encontrava-se solitário e triste. Ninguém, amigo ou familiar, encontra-se presente para maiores conversas e gentilezas! Um mero indivíduo a mais entre os outros muitos milhares!
A morena, nunca vista nos almoços, aconchega-se apressada e preocupada ao estabelecimento. Ele, no momento da entrada ao restaurante, cumprimenta-a e a convida para sentar na mesa.
Ela, nos segundos subsequentes, reluta em aceitar e confiar em estranhos. Esta, numa ímpar surpresa, aconchega-se para fazer amizade e companhia.
A cidadã, nos primeiros procedimentos, procura largar bolsa, reservar lugar e servir-se no buffet... A convivência ocasional, entre muito diferentes e estranhos, tornou-se um fato.
A amizade, para ser criada no interior da massa humana das megalópoles, ostenta-se uma pérola. O princípio vigente consiste em “cada qual para si e Deus para todos”.
As partes, em inúmeras outras ocasiões (a partir desse momento), trocaram conversas e parcerias. Os diálogos comuns e longos tomaram a primazia dos encontros!
As pessoas, nas cidades, escolhem uns poucos para coexistir. Os demais, muitos outros semelhantes, vêem-se descartados e relegados! A impossibilidade de conviver com todos ostenta-se impossível e inviável!
Aprender a coabitar com diversos e estranhos, como velhos conhecidos e parceiros, tornou-se uma necessidade social. As palavras certas, nos momentos próprios, aproximam as pessoas. O cidadão, entre os milhões e bilhões de semelhantes, necessita ostentar uns aconchegados e íntimos.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://gastronomiadescomplicada.blogspot.com.br

A singela pedra


O condutor, numa singela área urbana, estaciona o carro. Uma dificuldade incrível de achar algum local de estacionamento.
Os locais públicos, proibidos ou tomados de veículos, revelam-se restritos. Voltas e mais voltas, em horário alheio ao trabalho, para localizar algum espacinho!
O cidadão, nesta procura (nem tinha colocado o pé no asfalto), deparou-se com o inacreditável. A cortesia monetária, solicitação comum de pedintes, tomou vulto!
Um jovem, podendo ser filho do condutor, solicita algum "troquinho" (dinheiro). Um moço forte e jovem encontra-se a pedir dinheiro. Um fato anormal para o bom senso!
Este, na maior cara de pau, pede alguns reais. A explicação vê-se dada: “- Quebrar algum galho de emergência!” Alguma necessidade maior exigiria a caridade humana!
O motorista, de forma repentina, assusta-se com o pedido. Uns singelos reais a mais, entre os muitos dispêndios, onerariam o proprietário! Valor mórbido para os patrões monetários nacionais.
A curiosidade relaciona-se ao emprego do valor. A compra provável liga-se a aquisição de drogas. O vício, disseminado nos cantos e recantos das cidades, dá as rédeas do comportamento!
Alguma pedrinha de crack, passível de compra em quaisquer esquinas, vê-se adquirida ao consumo. A droga descreve uma faceta do retrato da patologia urbana!
O estado e famílias perderam o controle sobre a situação. Uma civilização doente em meio à selva de pedra. Preciosas e únicas vidas jogadas no ralo!
Como semelhantes prestam-se a produzir e comercializar o germe da morte? Estes carecem de pensar nos próprios filhos e descendências? As leis brandas e inertes, em nome da liberdade, desgraçam e destroem famílias e vidas!

                                                                                                  Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://centenario-republica.blogspot.com.br

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A paternal encomenda


A família já possuía um casal de filhos. A ideia maternal consistia em ficar no número dois! O genitor, como realização pessoal, resolveu externar seu particular pedido!
Os pais, com oportunidades de estudo e formação, queriam oferecer o bom e o melhor aos rebentos. A esposa, de maneira nenhuma, imaginava e pensava numa terceira gravidez.
O marido, como satisfação e sonho, pediu uma terceira encomenda. Ele, como princípio colonial, dizia: “- Todas as coisas boas apresentam-se em número de três!”
Os afagos e insistências, até convencer do contrário, foram constantes e grandes (com razão de conseguir a concordância feminina). Esta por muito tempo relutou, porém aceitou!
A sorte, da encomenda, foi lançada numa noite do período fértil. Uma menina, na proporção da espera de outro menino, nasceu do resultado. Esta, para os manos (irmãos), via-se toda mimada e privilegiada!
A filharada, em boa dose, criou-se na brincadeira e solidariedade. Ela, no cuidado e educação, careceu de maiores advertências e repreensões.
Os manos diziam: “- A fulana! Mostra-se a queridinha do pai!” Os filhos, com saúde, crescem despreocupados e rápidos! O indivíduo, a alguém, deve a vida!
Os caçulas, nos seios familiares, costumam ganhar maiores afetos e mimos. O indivíduo, na rápida passagem terrena, precisa revelar-se uma bênção e dádiva! A limitação do número de filhos, em função dos elevados custos, tornou-se uma necessidade familiar e social.

                                                                                   Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: lergiaalimentarbebe.spaceblog.com.br