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domingo, 7 de abril de 2013

O teste das aparências


As obras de construção estendem-se entre avenidas e ruas. Inúmeras edificações e reformulações absorvem uma gama de trabalhadores. A engrenagem econômica vê-se em movimento neste processo. A cada quarto de século constrói-se cidades novas em cima das velhas.
Os muitos pedreiros, com seus auxiliares, debruçam-se em jornadas estafantes e prolongadas. Estes, em aparentes infindáveis horas e dias, ficam atarefados no preparo de cimentos, ferros, madeiras, pedras... O bom senso, em inúmeras situações, manda aliviar-se dessas maçantes jornadas e tarefas.
Umas poucas distrações, entre cubículos e paredes, consistem em agradáveis conversas entre colegas, sintonias musicais em estações de rádios, visões esporádicas sobre o fluxo urbano (de pedestres e veículos nas cercanias)... As alturas, num visual panorâmico, permitem apreciar cenários e paisagens ímpares. Quaisquer anormalidades e presenças mostram-se um chamarisco (a atenta contemplação e observação).
Um tradicional colírio, aos alheios olhos, relaciona-se a passagem de presenças femininas. Algumas moças/senhoras caminham pelas vias próximas as obras. Estas costumam mexer com os brios e sonhos masculinos. A mulherada, neste ínterim, depara-se com a criteriosa e efetiva avaliação/prova nas suas aparências.
Os construtores, de forma velada, “colocam o olho ou implicam com as pedestres”. “O mexer” significa os dotes femininos apurados e palpáveis. A indiferença, a quaisquer damas, representa uma preocupação a mais: fim de carreira de maior beleza e vaidade feminina!
Quaisquer mulheres, como símbolo de beleza e satisfação, precisam ter a autoestima elevada e a admiração masculina. Uma agradável e boa companhia ostenta-se uma dádiva e maravilha. Os espertos acercam-se de gente inteligente e interessante!
                                                                         
Guido Lang
                                       ”Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://ednene.wordpress.com

O pavão e Deus


Um formoso pavão excitava-se com a beleza das suas penas e a curiosa atenção de alguns homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios.
Súbito ouviram estes o cantar de um rouxinol (pássaro europeu de canto muito lindo), e logo tudo esquecendo, procuram chegar-se para o lugar de onde partia tão suave melodia.
Abandonado, o pavão encheu-se de raiva, e queixoso foi falar com Deus.
- Por que um passarinho, feio e sem graça, cantou melhor do que eu? Por que me não deste a voz do rouxinol? - Perguntou.
- Não sejas ingrato! - Respondeu-lhe Deus. - Cada animal tem suas prendas, nenhum tem tudo; à águia coube a força, ao rouxinol o canto, a ti essa plumagem recamada de estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal contemplados.
- Sim, mas eu queria cantar como um rouxinol! - Retrucou o pavão.

Moral da história:
Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e assim se fazem desgraçados.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                            Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br