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quarta-feira, 10 de abril de 2013

A miopia do malandro


Um cidadão, apegado à boa e fácil vida, teve problemas de diabetes. Este, durante uns bons anos, labutou como mero e simples assalariado.
A doença, com os anos de vida, trouxe os tradicionais problemas de visão. Os tratamentos foram muitos. O resultado pouco a contento. Os cuidados mantiveram-se acentuados com alimentação. A previdência, em função das graves dificuldades de saúde, precisou dar-lhe benefício de uma forma precoce.
A aposentadoria trouxe-lhe outra dificuldade. Como passar as horas ociosas? Os amigos e conhecidos, com a necessidade de trabalho, não tinham o devido tempo para sentar e conversar. O cidadão, em inúmeras oportunidades, procurou escutar rádio, ocupar-se com tarefas caseiras, passear na cidade, sentar-se na sombra...
O fulano, dentro das possibilidades, mantinha uma mania. O passatempo era sentar debaixo duma frondosa e majestosa árvore. Ele, numa visão panorâmica (a partir do pátio), podia observar e reparar a natureza e vizinhança. A colina, local da moradia, dava uma ampla visão panorâmica sobre o cenário colonial.
O cidadão, no outro lado da estrada (uns quinhentos metros adiante), conseguia cuidar e reparar a enviuvada vizinha. Ele, como velho mulherengo e solteirão, mantinha algum excepcional interesse. A fulana, na proporção de labutar (na horta e jardim), via-se observada e reparada.
O camarada, a título de exemplo, pode ver a idosa senhora subindo em momentos numa escada. Este, nestes instantes, parecia enxergar plenamente. A miopia mostrava-se abolida e superada! Os amigos, diante da esdrúxula situação, cedo trataram de tirar sarro e duvidar da veracidade da carência de visão.
Certas pessoas enxergam na proporção dos interesses e necessidades. As implicâncias e os sarros ostentam-se um passatempo agradável entre os seres humanos. Quem não tem suas histórias privadas e reservadas de gafes?

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://www.facebook.com/janela.davizinha.5/timeline?filter=1 

A rã e o rato



Um rato desejava atravessar um rio; porém tinha medo, pois não sabia nadar. Uma rã ofereceu-lhe os seus serviços, pronta a levá-lo para outra banda, se quisesse amarrar-se com ela. 
O rato aceitou a proposta, e com um cordel amarrou uma das suas patas, e atou na outra ponta à pata da rã. Entraram na água; a maliciosa rã, escarnecendo do companheiro, procurava, mergulhando, puxá-lo para o fundo e afogá-lo.
O rato forcejava em resistir-lhe. Estavam nessa luta quando vem voando um gavião, pega-os e de ambos faz seu almoço.

Moral da história:
Raramente os maus triunfam: se conseguem prejudicar os bons que neles se fiam, acham logo outro mau que os castiga.


                             Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                              Crédito da imagem: http://laramagalhaesilva.blogspot.com.br