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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Os limites como ensinamentos



O esporte amador, ao longo de décadas, deu motivo de muitas acaloradas histórias e vivências! Relatos acirrados de brigas e intrigas não faltaram nas colônias!
Os coloniais, em certos confrontos esportivos, envolveram-se em acirradas disputas. Os gramados, em clássicos, poderiam constituir-se num campo de batalha! Pontapés e socos, entre jogadores e torcidas, não faltaram numa aparente luta livre. Os campeonatos, nas fases classificatórias, “atiçaram ânimos e instituíram guerras verbais”.
Um jogador, no campo adversário, jogava deveras duro. Este, nas bolas disputadas, entrava com coragem e força. A torcida, de algumas dezenas de torcedores, chocava-se com a violência das disputas.
Um jovem torcedor, com frequência, externava expressões e nomes indecorosos ao jogador adversário. Este, do lado de fora do gramado e entre os seus pares, sentia-se seguro para gritar umas e outras boas!
A admiração e surpresa, num imprevisto momento, adveio do ofendido jogador. Este, na ausência do cercado, correu de forma repentina na direção do desbocado e gritão. Ele, numa mão direita e outra esquerda, deferiu-lhe dois certeiros e fortes socos (para “arrebentar os dentes e beiços”).
O próprio nem quis acreditar na coragem e valentia do fulano. O juiz, preocupado num lance (noutra parte do gramado), nem viu o sucedido. Os bandeirinhas, nas peladas do esporte amador, ainda nem atuavam nos estádios (nos improvisados potreiros de alguns coloniais).
A mãe do rapaz quis engrossar nos direitos e reclamações. Ela pediu satisfação pela agressão ao seu rapaz. Os conhecidos mantiveram-se imunes a querela.  Alguém cedo disse: “- Ensina melhores modos ao teu filho! Nada de ficar gritando termos a estranhos!”
O moço, daquele dia, aprendeu o tema de casa! Aquela de nunca mais chamar nomes e palavras impróprios a conhecidos e forasteiros. O estranho ensinara-lhe a bela e singular lição de casa! Chamar de nomes nada resolve o problema e só cria mútuas ofensas!
Os estranhos ensinam de modo diverso os valores relegados pelos pais. Quem não conhece limites na infância, costuma sofrer amargas lições dos estranhos e autoridades. Os limites são necessários e nunca demais para qualquer cidadão.

Guido Lang
“Singelas Crônicas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.viladoartesao.com.br

O refugo vegetal



Um reflorestador, na sua plantação de acácia e eucalipto, mantinha uma singela prática. O objetivo, a princípio, consistia em querer colher o maior em menor espaço!
O fulano, na proporção de desenvolvimento das plantas, vivia a extrair as árvores mais robustas e salientes. Ele, para as menores e nanicas, queria dar as chances do pleno desenvolvimento e produção. O corte, ao longo da safra, ocorreu em diversas oportunidades.
O tempo revelou uma prática agrícola equivocada e prejudicial! Achegou-se uma época em que o mato via-se dominado pelos refugos. Os troncos distorcidos e raquíticos exaltavam-se como as “donas do cenário”.
“O caquedo (refugo) exaltava-se e cantava de galo!”. As possibilidades de madeiras em metros e toras revelaram-se limitadas. O mato tornou-se um exemplo às avessas: aquilo que não se deve fazer em termos de produtividade! Um protótipo do atraso e negação em termos monetários!
O produtor conscientizou-se doutra velha lógica: uma insensatez punir os astutos e fortes com razão de exaltar e promover os morosos e retrógrados. Diversos ousados, na sua linguagem vegetal, pareciam fingir-se de ineficazes e retardados (com razão de não serem descobertos e ceifados).
O ensinamento aplica-se ao gênero humano! Certos sistemas econômicos, excessivamente distributivos e socializantes (através da ganância fiscal), inibem os ousados e produtivos. Estes, numa compra indireta de favores e poderes (votos das democracias), procuram premiar os escorados e vivaldinos!

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://freguesiademassama.blogspot.com.br/