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segunda-feira, 10 de junho de 2013

A ingrata surpresa


O enamorado, velho aprontador de peças, compra um lindo buquê de flores. Este, no descuido e pressa, coloca o colorido sobre a mesa!
A compra, na data do aniversário, visa encantar a recém conquistada. As rosas, amarelas com um fundo vermelho, assemelham-se alguma sétima maravilha!
Elas, enroladas num papel simples, facilitam a apreciação e manejo. O comprador, nos minutos próximos a largada do expediente, encontra-se apressado e atarefado. Algum atropelo, de última hora, o conduz aos sanitários!
Um colega, como “retribuição de inúmeras cortesias e gentilezas recebidas”, acrescenta uma singela camisinha (no interior do invólucro). O camarada, com o volume em punho, sai todo contente e faceiro!
O autor, do acréscimo, ri-se da alheia alegria e felicidade! O possuidor, na ingenuidade, ainda interroga: “Por que estás rindo? Coloca fulano feliz nisso!” O cidadão, no ramalhete, carrega uma espécie de veneno!
A surpresa, ao colocar as peças no vaso, apresenta-se tamanha! A escondida camisinha caiu das flores! O galanteador, diante da jovem moça (poderia ser pai dela), arregalou os olhos. Este, de imediato, externou: “- O sicrano me aprontou outra!”
Os ímpares momentos, junto aos agrados das flores e comemorações da passagem de ano, certamente ganhariam uma premiação excepcional.  O amigo e colega, de longa data, avisou-lhe da necessidade de precauções e prudência!
As barrigas de aluguel, para ganhar aposentadorias, descontos em folha e pensões, andam dispostas e soltas! Quem avisa, amigo é! Com certos parceiros não se precisa de inimigos!
As pessoas cobram-se nos momentos descontraídos e inesperados. Afrontas e aprontas geram inesquecíveis e ingratos dividendos! Certas brincadeiras produzem ensinamentos à vida!

Guido Lang
“Singelas Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://olhares.uol.com.br

O ímpar desconhecimento


Uma assistente social, nos estudos sociais (em função de processos), fazia muitas e variadas visitas. Ela, pelas querelas judiciais, conhecia inúmeras famílias e lugares.
As disputas, mais comuns, relacionavam-se as adoções e pensões. As visitas, em meio à circunscrição judicial, ocorriam em cidades e interiores. Alguns locais, na aparência das localidades, assemelharam-se a verdadeiros esconderijos e taperas.
Uma visitação, entre as dezenas, chamou especial atenção. A encarregada, numa tarde inteira, devassou um singelo município. A profissional, aqui e acolá, perguntava sobre específicas informações. A procura, pelo nome, relacionava-se a determinada pessoa.
Ela, pelos espaços das localidades, andou e perguntou pelas casas e pedestres. A localização da sicrana apresentava-se num enigma e incógnita!
Os moradores, por completo, desconheciam a procurada! O tempo e a viagem pareciam onerosos e perdidos! Algum equívoco, na certa, relacionava-se aos dados de identificação ou endereço!
A solução, como ideia salvadora, consistiu em perguntar no conselho tutelar. Uma conselheira, de imediato, conhecia a dona e sabia o endereço. Esta, como excepcional surpresa, ostentava-se a administradora e proprietária do meretrício da cidade.
Inúmeros homens certamente conheciam a sicrana. Eles abstiveram-se astutamente de fornecer maiores dados e informações. Estes, junto às esposas e filhos, poderiam denunciar esporádicas histórias e incursões.
O jeito esperto e malandro consistiu em desconhecer e silenciar. Os aborrecimentos e explicações mantiveram-se poupados. Cada qual sabe dos seus calos e negócios! Os segredos são a alma dos empreendimentos!
Os espertos antecipam-se aos problemas e situações! Os semelhantes, apesar dos anos, conseguem ainda surpreender nas convivências! Relacionamentos escusos integram as relações sociais!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem: http://www.diariodoscampos.com.br