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sábado, 6 de julho de 2013

A ingrata achegada


A mulher, a título de compras e visitação de lojas, dá sua tradicional saída ao grande centro. As pessoas, na aparência, parecem desconhecer e estarem indiferentes a alheia vida!
Ela, na saída, procura fugir da monotonia e rotina. A ideia consiste em respirar outros ares. O fato, numa tremenda casualidade, dá-se numa quarta (tarde do clube da dança).
O parceiro, com tamanha arrumação, desconfia da inocência. Ele, ocupado na jornada de trabalho, “fica de mutuca”. Um teste para avaliar à companhia!
A cidadã, no embalo da saída, dá uma passada no bailão. Alguma amiga une-se ao festerê (festa). Os convites e propostas, das partes masculinas, mostram-se rotineiros!
Esta conhece e encanta-se numa acalorada companhia. As danças, cervejadas e conversações tomam vulto. O “amigão” descaso faz ou ignora a condição matrimonial!
A surpresa, num imprevisto momento, ocorre com a invasão do espaço. O marido, muito enraivado, coloca os ares da presença. O casal novo, em altos afetos, vê-se nos apuros!
O invasor, ignorando explicações, “sacode o patrimônio e leva do ambiente”. Uma cena esdrúxula, diante de olhares atentos, “enchiam de bálsamo conhecidos e estranhos”.
Alguém, na era da informação, comunicou a empleitada. A aventura mexeu certamente com as estruturas do casamento. O mundo ficou pequeno! As notícias correm!
O sentimento de posse, entre casais e enamorados, encontra-se acirrado. Um olhar, no reverso da moeda, ostenta-se sabedoria dos precavidos. A roupa suja, conforme o conhecimento popular, lava-se em casa!

Guido Lang
”Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.violaobrasil.com.br

O significado do patrimônio


Um casal, com muita economia e trabalho, conseguiu comprar uma chácara. Esta, numa antiga propriedade rural, mantinha casa, instalações e terras.
A esposa, em função de cuidados de saúde, precisou viajar por uns bons dias. A ausência demorou uma aparente eternidade!
O marido, no ínterim, precisou cuidar e reparar construções, criações e plantações. O trabalho fazia-se todo sozinho! A solidão, na ausência de compartilhar, tornou-se uma realidade!
Os animais domésticos, como aves, cachorros e gatos, ostentaram-se sua melhor parceria. Estes, a todo instante, agitavam e gritavam. O trato era razão da presença!
A solidão cedo abateu-se sobre o espírito. Ele descobriu a dura realidade. O patrimônio, na ausência da cara metade, carecia de maior importância e sentido.
A parceria justificava unicamente a manutenção e reparos nos bens. A ausência definitiva, num flagelo maior, representaria a provável comercialização do empreendimento.
Certos negócios fazem sentido na proporção da companhia e parceria. O indivíduo, na proporção da ausência, conhece a importância e qualidade da cara metade. O casamento mostra-se uma espécie de negócio e sociedade!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.planrural.com

O movimento das aparências


Um morador, na época do lugarejo ser um pacato distrito, acabou escolhido como subprefeito. Um honroso cargo, junto aos locais, como reformador das vias!
As estradas, com as chuvas de inverno, cedo viram-se esburacadas e lavadas. Buracos e rochas sucediam-se no leito da circulação.
O maquinário, num comboio de caminhões, patrolas e retroescavadeiras, adveio ao interior. Estes, em centenas de cargas, carregaram e espalharam cascalho e saibro (duma localidade a outra).
O trabalho, em síntese, consistia: “- Levar terra da segunda a primeira e, em seguida, da primeira à segunda”. O percurso, de uns trinta quilômetros, gerou enormes dispêndios!
O bom senso seria carregar e espalhar o material das respectivas comunidades. A quilometragem seria diminuta e o trabalho renderia bem mais!
Um contribuinte, diante do esdrúxulo desperdício, perguntou ao administrador do impróprio comportamento. Este, num momento, vacilou, porém respondeu!
O subprefeito, sem floreios e rodeios, disse: “- Precisa-se, diante do conjunto de moradores, aparentar o movimento de máquinas e trabalho!“
O resultado dobrou os dispêndios dos cofres públicos. Alguns espertalhões ganharam comissões! Os contribuintes, como tradicionais trouxas, custearam os onerosos serviços!
Certas histórias, pela anomalia, perpassam o relato de administrações e gerações. Dinheiro desonesto e fácil costuma cedo safar-se dos malandros. A coerência e honestidade permitem as boas referências e serenidade no travesseiro!
                                                                                    
Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

 Obs.: História narrada por Lothário Dickel/Teutônia/RS.

Crédito da imagem: http://cidaderiodejaneiro.olx.com.br