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domingo, 4 de agosto de 2013

A imprópria metragem


Uma empresa estrangeira, muito correta e exigente no mercado fornecedor, comprava couros de determinadas firmas. O produto, com a abundância de gado nos pastos locais, mantinha-se comuns nas paragens regionais.
Vários fabricantes ostentavam-se tradicionais exportadores e fornecedores. Estes, numa matemática financeira peculiar, possuíam preços convidativos e inferiores a uma concorrência familiar.  Os valores, em dólares ou euros, vinham mais em conta!
A determinada firma, nos enxugamentos cá e lá, não conseguia esta cotação nos custos de produção! As vendas, ao estrangeiro, mantinham-se esporádicas e ocasionais!
Os donos, num encontro informal, conversaram-se sobre a questão preço numa feira internacional. O comprador repassou o interesse de manter transações, porém externou a questão preço maior (comparado à concorrência local).
O fornecedor, como explicação de vendedor, revelou uma singela artimanha comercial: “- Fulano! Vê a qualidade e metragem exata daqueles que dão os especiais descontos!”
O comprador, nas próximas compras e remessas, mandou conferir os detalhes da qualidade e medir a exatidão das mercadorias. Estas, a título de exemplo, constavam a medição cem, porém podiam conter noventa e nove ou menos na metragem!
O correto, na lícita prática, consistia em contar o informado (eventuais centímetros a mais do que a menos como garantia e precaução). As duas empresas, depois do alerta e revelação, tornaram-se exclusivos e parceiros de décadas!
A exata conferência evita desperdícios nos lucros e revela-se sinônimo de sobrevivência nos negócios! “Os olhos do patrão, nos pastos, engordam o boi!”
O cliente, dentro do competitivo mercado, merece a correção e qualidade. O segredo do mascate consiste em criar à efetiva e exclusiva clientela. A honestidade e transparência inspiram confiança e crédito!

                                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.fernandacouros.com.br/

A malfadada bancarrota


Um criador, na pausa das preocupações e trabalhos, assentou-se tranquilo debaixo do arvoredo. Este, numa singela sombra no pátio, podia safar-se do calor e vislumbrar uma panorâmica visão!
As ideias, na prática, encontravam-se focadas nos negócios. A mente mantinha-se absorvida com a cotação do dólar, crise das exportações regionais, preço exorbitante dos insumos... Um prato cheio para um modesto investidor rural!
O milho, principal ingrediente do trato animal, via-se comprado na propriedade. O valor, na entressafra, mantinha-se cotado “com o preço lá nas nuvens”. As importações de grãos sucediam-se através das instâncias governamentais!
A produção de frangos, no momento econômico adverso, não recompensavam os altos e muitos investimentos e trabalhos. O lucro eventual sucedia-se numa estreita margem. Os cálculos, num eventual contratempo, indicavam possibilidades de prejuízo!
As abusadas angolistas, nas cercanias e soltas pelo espaço, resolveram externar os ares da graça e implicância. As aves, muito ariscas e desconfiadas, gritavam: “- Patrack, patrack, patrack!!!”
O colonial, numa interpretação anômala, compreendia “bancarrot, bancarrot, bancarrot...” O significado, no dialeto do Hunsrück (alemão) como falência, traduzia: “- Bancarrota, bancarrota, bancarrota!!!”
O produtor, no desfecho do dia, enveredou por ímpar caçada. Ele, com astúcia e dificuldade, “apanhou o bicharedo e meteu-o no troco numa venda”. Os “bancarrot” tinham pagado o impróprio pela provável carneação e transferência!
O proprietário, no desfecho, ainda desabafou: “- Chega de ser gozado pelos vizinhos e agora ainda pelas ingênuas aves! Os falatórios e torcidas, no momento, mantém-se suficientes para aborrecer e esquentar a cabeça e os cornos!”
Subalternos, extrair sarro do patrão, ostenta-se arriscado e ousado! As palavras dúbias, ao amedrontado e desconfiado, revelam-se denúncia e implicância! Os pequenos e pobres, nas frequentes oscilações econômicas, pagam o ônus maior das crises!

                                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Obs.: História narrada por Ronald Eggers/Languiru/Teutônia/RS/Brasil.

Crédito da imagem:http://www.flickr.com/photos/vanmagenta/6723042125/