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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A indigesta paralisação


O pacato morador procurou viver o prazer e satisfação de cada dia. O acúmulo, de reservas, deixou de ser prioridade. O dinheiro entrava e saia na exata e imediata dimensão!
Os ganhos, no geral, foram gastos nas bebedeiras e festanças. Aquele velho princípio: “Dinheiro foi feito para ser gasto” ou “Ele precisa circular para criar riquezas”!
A pobreza familiar implantou-se como triste sina. A moradia edificou-se na periferia urbana. Outro casebre, no conjunto das centenas, somou-se na área verde do riacho!
O infortúnio, na calada da velhice, abateu-se na dureza da existência. Remédios e tratamentos viram-se rotina. O câncer, como causa da morte, levou ao desejado alívio!
A cerimônia, no velório, encerrou uma jornada de penosas e ricas vivências. Uma dezena de amigos, a familiares e parentes, presenciou as cenas de despedida!
O caixão, no final ato, tomaria a terra. O espanto e surpresa instalaram-se na imprópria atitude. Os pedreiros, na ausência de dinheiro, negaram a tarefa do sepultamento!
Os profissionais, na improvisada paralisação, exigiram a renumeração. O corpo, no momento, ficaria sem a valiosa terra. Presentes abstiveram-se “de pegar mão na massa”!
Esposa e filhos, desprevenidos de recursos, apelaram à caridade dos presentes. “A vaquinha”, como “improvisado quebra galho”, avolumou os modestos valores!
O corpo, no cemitério municipal, conheceu o descanso derradeiro. As dificuldades financeiras carecem de poupar até finados. As conversas, sem dinheiro, ostentam-se fiadas!
As pessoas, no trato do dinheiro, ignoram sabedorias e virtudes. O cidadão, em circunstâncias, depara-se com especiais surpresas!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.mundofunerario.com.br/

O modesto aperitivo


Pai e filho, no imprevisto, assimilaram estranha obsessão. Estes viram-se especiais amigos e parceiros na bebida! Esqueciam-se do trabalho, porém jamais do traguinho (bebida)!
Uns singelos goles, na modesta cana, iniciaram os flagelos da existência. O traguinho, anterior ao almoço e janta, acompanhava as rotineiras refeições!
O “abre apetite” consistia como justificativa. A cachaça, aos poucos, avolumou-se no gosto e quantidade. Pai e filho, sem qualquer exceção, ingeriram “o impróprio”!
As muitas garrafas tornaram-se a triste sina. A bebida virara diária obrigação e razão. Os consumos, nos armazéns e bares, somaram-se as caseiras doses!
O vício, como mazela, encontrou-se instalado. A cachaça, na sequência, originou a desgraça familiar. O filho exagerou na quantidade. Este ingeriu até o auto-extermínio!
O genitor, numa infindável dor, enterrou a própria carne. A pinga trouxe o precoce perecimento. O arrependimento, em não poder dizer não (na infância), fora a triste causa!
Familiares, na bebedeira, revelam-se imprópria companhia. O exemplo, ao astuto e esperto, serve de antídoto. O álcool, na história, ceifou vidas e desestruturou famílias!
A ideia, “não dá em nada”, prevalece na mente dos beberrões. Os prazeres imediatos, em boa dose, sobrepõem-se a racionalidade!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://hypescience.com/divorcio-ou-desinteresse-dos-pais-aumenta-risco-de-bebedeira-em-filhos/