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terça-feira, 28 de abril de 2015

A dureza urbana


A beltrana, na meninice, viu-se criada e educada no campo. As brincadeiras e instruções advinham no conjunto do ambiente natural. O livre-arbítrio, na essência, sucedia na abastança e bonança. O banal, na fartura habitual, carecia do maior apego e valor.
A sobrevivência, na criação da família e incumbência profissional, transportou ao exercício urbano. O consórcio e trabalho, na migração campo-cidade, modificaram as atitudes e hábitos. Os brotos, no total de quatro, achegaram-se nos dispêndios e inquietações.
A realidade, na progredida idade, trouxe a desumana prova. Os rebentos, no caminho dos oportunos nortes, dissimilaram-se pelos municípios. O companheiro, no inesperado, antecipou na precoce morte. A vida, na velhice, despontou na dureza do asfalto e concreto.
A aposentadoria ocorreu na clausura. O edifício, no diminuto apartamento, despontou no ambiente particular. As janelas e portas conferiram-se cingidas de ferros e grades. A diminuta moradia, no artificial, gerou estresses e patologias. O tédio caía na associação.
A saudade, na ânsia de mexer na terra, advinha no diário das reminiscências. O sonho incidia no desejo de viver nalguma chácara. A solução, na mudança dos climas, consistiu em meter o pé-na-estrada. As escolhas, no diário das vivências, decidem as alegrias e amarguras.
As pessoas, nas variadas formas, instituem-se algemas e prisões. As coisas, segundo a atribuição, possuem o sentido e valor.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.consultprev.com.br/