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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Prenúncios da Sorte

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A sorte todos almejam e procuram nesta vida! Certos sinais parecem anteceder essa crença. Ela, no meio colonial, manifesta-se por singelos sinais. Os fatos, na casualidade, sucedem-se em meio às inúmeras tarefas do cotidiano. Alguém cedo repara e diz: “prenúncio de sorte”, “alguma boa notícia será comunicada”, “dinheiro forrando o poncho”, “necessidade de jogar no bicho ou loteria”...
Os coloniais, no passado, mantinham suas plantações de alfafais. Ela, a alfafa, como feno ou pasto verde, mantinha-se num trato excepcional. Ela, ceifada com foice ou gadanho, era periodicamente cortada e carregada para o trato. Sucedia-se, em meio à colheita, um achado especial. Relacionava-se a alguma folha de quatro ou cinco pontas. Esta era recolhida com esmero e levado para casa. A tarefa consistia em secá-la e armazená-la no interior de algum livro. Uma espécie de marcador de páginas e podia ficar guardado por anos. A sorte ostentava-se armazenada/resguardada, no contexto familiar, em meio ao somatório da produção científica/intelectual humana.
Algo idêntico acontecia com o trevo. Ele era uma pastagem de inverno (época de carência de forragens verdes). Os coloniais tratavam de cortar balaios/carroçadas e carregá-los ao estábulo (como trato às vacas) O pasto era administrado no momento específico da ordenha. Os animais, em meio à comilança, acalmarem-se para serem ordenhadas. Achava-se, num espaço muito fértil, esporádicas folhas quatro pontas (norma é três). Extraía-se, como estratagema da sorte, para guardá-lo como relíquia (nalguma publicação). Secava e deixava-se armazenado por meses/anos. O leitor, nalgum momento, revisava o livro e deparava-se com a excepcionalidade. Ótimas reminiscências, desta especial época da vida, advinham à mente.
Outro prenúncio da sorte ligava-se aos pássaros da sorte. Estes, como beija-flores, coiviras, joão-de-barros, tico-ticos, eram os alvos. Entravam casa adentro dos moradores. Ficam desnorteados, por uns bons momentos, até localizar alguma janela ou porta (de saída). Os coloniais encarram o fato como sinônimo da uma crendice de sorte. Acreditam receber boas notícias (familiares e financeiras). Estes cuidam costumeiramente dos gatos (com razão de não apanhar a ingênua vítima desnorteada). Uma realidade muito comum na primavera (na proporção de procurarem/vasculharem lugares para ninhos). As crianças, no interior da chácaras/propriedades, cedo aprendem o significado desse desvio de rota. Passam gerações, vêm gerações e a crendice perpetua-se (no seio das famílias rurais).
Os sinais, com algum trabalho, reforçam os bens estares dos moradores. Muitos não podem ostentar maiores dividendos (monetários), porém revelam-se riquíssimos na alegria, felicidade, harmonia, saúde, paz... O ambiente, em meio ao ar puro, silêncio e tranquilidade, favorecem essa sorte. O indivíduo, “dono do próprio nariz e tempo”, ostenta uma dádiva/riqueza ímpar (comparado aos ambientes maçantes das excessivas aglomerações humanas). Precisa, a cada dia, dar suas graças (elevando as mão na direção do céu) pelas dádivas divinas recebidas.
Certas crenças elevam a moral e os sentimentos de felicidade. Colhemos aquilo que plantamos na seara da existência. Aquilo que bem faz, nunca convém renegar. Inúmeras crenças e crendices norteiam nossas ações e pensamentos. Melhor ostentar alguma fé do que mostrar-se cético e desesperançoso.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.revistapepper.com.br/

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